quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Blues Etílicos vai lançar sua segunda cerveja, uma american pale ale

Otávio Rocha, Pedro Strasser, Flávio Guimarães, Greg Wilson e Claudio Bedran. Foto: Nicolas Iacovone

Depois de uma hellbier um pouco fora do padrão lançada em janeiro deste ano pela Mistura Clássica, o Blues Etílicos está preparando, em parceria com o cervejeiro Leonardo Botto, uma nova cerveja com sua marca, uma american pale ale, revelou o baixista Cláudio Bedran em entrevista ao 700 Cervejas, no lançamento do novo CD da banda, intitulado Puro Malte, nesta segunda-feira (2/9). O evento, não por acaso, foi realizado no Botto Bar, na Tijuca,

- Quisemos o nome Hellbier (na primeira cerveja) por causa do trocadilho com "inferno", lembra a encruzilhada, aquela lenda clássica do blues (atribuída ao pioneiro Robert Johnson) de vender a alma ao diabo. Mas o Botto nos puxou a orelha, dizendo que não era uma helles tradicional porque tinha um perfil muito mais lupulado em vez de maltado, com lúpulos americanos, seria algo como uma "american pale lager".

Amigo do cervejeiro "desde a faculdade, ou algo assim", Bedran conta que levou o resto da banda para o caminho das cervejas artesanais. A temática alcoólica, ele lembra, acompanha a banda desde o início, com músicas como Cerveja ("Vou virar vou virar esse copo / Cheio de espuma cheio de ouro / Vem cerveja vem beijar meu sangue / Alquimia de espuma libertária"), e O Sol também me levanta ("É nessas horas, eu digo pra mim mesmo nunca mais vou beber / Mas vem caindo a tardinha... Preparo outra caipirinha").

- Somos bebedores, sempre fomos. Bebemos um pouco acima da média, exceto o Otávio (Rocha, guitarrista) - diz o baixista.

- Mas ainda estou tentando convencer eles a fazer um café Blues Etílicos - brinca Rocha.

O lançamento foi regado a chopes da primeira cerveja da banda e de duas criações de Botto para a cervejaria niteroiense Noi, a golden ale Avena e a Irish red ale Rossa, acompanhados dos belisquetes da casa, como o fundamental pão de malte, os croquetes de quatro queijos e de carne. O que mudou, em relação ao passado?

- Com o tempo, fomos deixando as bebidas mais fortes, e amadurecendo nossos gostos - explica Bedran.

A música que dá título ao novo CD é a prova maior deste amadurecimento. Com melodia do vocalista e guitarrista Greg Wilson, "Puro Malte" traz letra do gaitista Flávio Guimarães com trechos que tem tudo para virar hino dos cervejeiros artesanais ("Seja de trigo ou de cevada / Só não me venha com cascata / Não quero arroz, não quero milho / Só puro malte, meu amigo"). Essencialmente, é uma proclamação desta nova paixão em forma de shuffle de 12 compassos - arranjo rítmico tradicional do blues.

- A cerveja artesanal mudou nossas vidas, nossos hábitos, e muitas pessoas estão sentindo a mesma coisa. Existem poucos shuffles em português. Raul Seixas fez o Canceriano sem lar, o Celso Blues Boy também tinha alguns... por isso pensei em fazer algo nesta linha. A letra saiu em uma tarde, depois o Cláudio ajudou a dar uma enxugada. Quando o disco estava mixado, a gente começou a pensar no título. "Puro malte" remete a qualidade, maturidade, tem tudo a ver com o que a gente está fazendo agora - explicou Guimarães.



O caminho para a primeira cerveja da banda começou com uma sugestão do dono da distribuidora Balkonn, Giovanni Calmon, que o baixista conheceu em degustações no Lapa Café, onde a banda se apresentava regularmente. Depois de algumas conversas com a sócia de Giovanni, Andrea, chegaram ao estilo mais adequado para "não assustar o público", ao mesmo tempo em que se distanciava das lagers sem graça, sem sabor e sem aroma.

- Tem muita banda por aí que só está trocando o rótulo da bebida que a cervejaria já produzia - dispara Bedran. - Mas o Greg é a nossa esperança de no futuro ter uma cerveja que seja realmente produzida por nós.

Nascido no Mississipi, nos Estados Unidos, Greg Wilson contou que pretende usar sua próxima viagem a Nova Orleans, onde visitará a família, para comprar os equipamentos para fazer cerveja em casa. Apaixonado por cozinha desde os 13 anos, em uma família onde todos, segundo ele, sabem preparar excelentes pratos, descobriu as cervejas artesanais em um Natal, quando o irmão trouxe de presente quatro garrafas de diferentes estilos: além da comum pilsner, uma weiss, uma bock e uma christmas ale.

- A christmas ale era cheia de sabores de temperos, especiarias... foi definitivamente a que mais gostei - recorda-se ele.

Ele diz que tem planos de montar sua nanocervejaria caseira em um terreno em Friburgo.

- É uma terra com uma água aparentemente muito boa. Quero fazer uma análise química dela para saber se a composição é adequada à produção de cervejas.


* Nota: Dois dos autores do blog, Marcio Beck e Daniel Conde Perez, foram alunos do curso de produção caseira de cerveja de Botto, em novembro de 2011.

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