sábado, 31 de março de 2012

Especial Westvleteren parte 1 - Uma cerveja para alimentar a fé dos bebedores

Jan de Deken 

ESPECIAL PARA A VOLTA AO MUNDO EM 700 CERVEJAS



westvleteren a volta ao mundo em 700 cervejas

A melhor cerveja do mundo, segundo o respeitável site Ratebeer.com, é feita em um pequeno monastério chamado Saint Sixtus, no ponto mais extremo do oeste da Bélgica, entre os campos de batalha e as tumbas de milhares de vítimas da Primeira Guerra. É hora de revelarmos alguns segredos da quadruple Westvleteren 12.

100/100 é a pontuação inegável da Wstvleteren 12. Depois de um ano no segundo lugar do ranking mundial, ela retomou à posição de número 1. A demanda continua crescendo, os preços de mercado sobem a centenas de dólares por uma pequena garrafa do líquido dourado, mas os monges católicos responsáveis por isto tudo permanecem ascéticos e se recusam a aumentar a produção.

Como pode uma cerveja que só está disponível a poucos liderar o ranking mundial? Fazer a pergunta já é respondê-la parcialmente.


Sabor

Primeiro de tudo, é claro, existe o gosto singular desta quadruple escura. Westvleteren 12 não é bebida para amadores. É preciso um pouco de experiência para alcançar a palheta completa de sabores desta cerveja complexa. Nem a garrafa simples, direta ao ponto nem a cor âmbar indicam a insana explosão de sabores que se experimenta segundos depois.

O sabor dos fermentos e cereais belgas é complementado por frutas doces, chocolate, pão recém-assado e toques sutis de marzipã e caramelo. Não à toa, estes são os sabores típicos encontrados na cozinha de uma fazenda belga.

Esta mistura sintetiza o melhor da culinária belga, com um exótico sabor picante que dá a ela a vantagem sobre outras pérolas belgas como a Westmalle Tripel e ROchefort 10. Para seus 10,2% de álcool, a cerveja é surpreendentemente suave.

Tradição

Westvleteren é a obra-prima da arte cervejeira belga tradicional. "Nós desejamos compartilhar esta honra com todos os cervejeiros belgas que continuamente se esforçam par aproduzir cervejas de qualidade expcepcionalmente elevada", afirmaram modestamente os monges em um comunicado à imprensa após a reeleição pelo Ratebeer.com.

Ela se encaixa em uma longa tradição de monges católicos que dedicam suas vidas a Deus e à divina arte de fazer cervejas fortes. A origem religiosa é a regra, e não a exceção, para as cervejas belgas. St. Bernardus, Westmalle, Rochefort, até a popular Leffe (agora, apenas outro produto do portfólio AB Inbev)... todas foram originalmente produzidas por monges católicos dentro de um monastério.

Os Cistercienses da Estrita Observância, como os monges de St. Sixtus costumam se denominar, construíram sua abadia em 1831, um ano após a revolução e independência da Bélgica. Eles eram legalmente obrigados a dar aos trabalhadores da construção dois copos de cerveja por dia. Para cortar custos, começaram a fazer a cerveja eles mesmos.

Sete anos depois, começaram a comercializá-la. Os monges produziam apenas o suficiente para subsistência, crença que mantêm até hoje, para a frustração de milhares de entusiastas da cerveja.

"Nós apoiamos nossa comunidade fazendo e vendendo cerveja. Mas nossa vida é completamente devotada a Deus. Ora et Labora (reze e trabalhe)", dizem frequentemente os monges de Westvleteren. Os cistercienses, ou "trapistas", aderem a uma interpretação estrita do credo católico. Levam uma vida de contemplação e fazem votos de castidade, obediência e pobreza.

Eles acham uma pena que a palavra trapista seja conhecida acima de tudo como um grupo muito seleto de cervejas. Sete, para ser mais exato, seis das quais belgas. O rótulo "cerveja trapista" é protegido por lei e três exigências devem ser cumpridas para uma cerveja ser considerada trapista: só pode ser feita por ou sob controle de monges, dentro dos muros uma abadia trapista e a maior parte das receitas devem ser gastas em propósitos sociais. De todas as abadias trapistas, St. Sixtus é a menor, mas a mais renomada.



Próxima parte: Mistérios do monastério

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