segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Sua Santidade, o Papa dos Cervejeiros
Artesanais dos EUA, Charlie Papazian

Depois de 13 anos de proibição legal, com a Lei Seca entre 1920 e 1933, O mercado cervejeiro artesanal dos Estados Unidos demorou mais de quatro décadas para se reerguer. No fim da década de 1970, num mundo ainda sem internet disponível comercialmente, os novos pioneiros da cerveja caseira começaram a se conectar. Capitaneados por Charlie Papazian e Charlie Matzen, criaram, em 1979 a American Homebrewers Association (AHA), para reunir os entusiastas e organizá-los nas reivindicações de seus direitos.

Aconteceu lá, em essência, o que está acontecendo aqui hoje, descontando que temos as imensas facilidades geradas pela rede. Recentemente, a AHA alcançou a marca de 30 mil associados, prova incontestável de que o movimento deu certo. Charlie Papazian acabou se tornando o primeiro presidente da AHA e autor do livro mais vendido do mundo sobre produção caseira de cerveja, "The complete joy of homebrewing". Decidimos então perguntar ao "Papa" Papazian sobre como foi o começo e ver se ele daria dicas para os brasileiros.

Por falta de tempo, talvez de paciência, e uma certa vontade de ser enigmático, ele respondeu rápido e rasteiro às perguntas que enviamos. O que descobrimos? Entre outras coisas, que ele é casado com uma brasileira, já esteve aqui várias vezes e conhece cervejas da terrinha.

Até prova em contrário - se houver -, é a PRIMEIRA ENTREVISTA concedida por Papazian a um brasileiro. Como dissemos, tem coisas... ah, vocês já sabem.


ENTREVISTA EXCLUSIVA // CHARLIE PAPAZIAN, FUNDADOR DA AMERICAN HOMEBREWERS ASSOCIATION

A VOLTA AO MUNDO EM 700 cervejas: Em quase 35 anos, a AHA alcançou 30 mil associados. Isto é acima ou abaixo de suas expectativas mais otimistas?

Abaixo.

Quais foram as principais dificuldades para reunir os homebrewers lá em 1978 e como você e os outros envolvidos contornaram essas dificuldades?

Sem internet, sem dinheiro. Como contornamos: correio regular, telefones, bibliotecas, voluntários.

Muitos países tem de fato inveja - como você já afirmou - da revolução da cerveja artesanal e do homebrewing nos EUA. No Brasil, o movimento cervejeiro caseiro também está retornando após um período histórico em que era tradicional, parte das vidas das pessoas. Você acompanha este movimento no Brasil?

Sim, um pouco, mas não tanto quanto eu gostaria.

Você daria alguma sugestão aos cervejeiros caseiros brasileiros sobre como tornar esta atividade mais amplamente reconhecida pelo governo e pelo público?

O foco deve ser qualidade e no aprimoramento das habilidades. Eventos/conferências/competições - Comparecimento da mídia "beer-friendly". Ter uma organização nacional de homebrewers.

De acordo com uma entrevista recente, você ainda faz cerveja 12 ou 18 vezes por ano. Sua produção tem uma variedade grande de estilo ou você prioriza alguns preferidos?

As duas coisas.

Também em relação a estilo, você vê suas receitas como mais inovadoras ou tradicionais?

As duas coisas.

Você é autor do primeiro livro americano sobre cerveja (The complete joy of home brewing) a alcançar sucesso comercial maciço (perto de 1 milhão de cópias vendidas). Há livros suficientes sobre o assunto ou há espaço para mais trabalhos sobre o processo de fazer cerveja?

1,2 milhão de cópias. Mais livros = mais interesse = mais homebrewers = mais cerveja artesanal.

O que faz um engenheiro nuclear - ou pelo menos, o que fez você - se apaixonar por fazer cerveja?

A cerveja tornou o nuclear confuso. (NOTA DO EDITOR: Jogo de palavras intraduzível. No original, "Beer made Nuclear become uNclear")

Você já esteve no Brasil? Se já veio, pretende retornar em breve?

Muitas muitas vezes. Minha esposa é do Brasil. Não tenho planos de ir este ano.

Já provou cervejas artesanais brasileiras? Tem favoritas?

Sim, muitas. Nas minhas visitas a Belo Horizonte, São Paulo, Porto Alegre e Rio de Janeiro. Mas não nos últimos anos. As favoritas são as boas, que são muitas.

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